07 abril, 2017

Não Foi Eu

Não Fui Eu
(Jorge Fernando/Ana Moura)
 

O Cristo inerte preso à cruz
A luz da vela que o reduz
Á sombra triste na parede entrecortada

Dos lábios solta-se, indulgente
A prece inútil do não crente
Entre palavras que por si não dizem nada

Não fui eu
Não fui eu
Não deixei a porta aberta
Não fui eu
Não fui eu
Ficou-me a casa deserta

Há como fugidio rumor
De passos que no corredor
Induzem na minh’ alma a dor da esperança vã

Sinais do tempo a humedecer
A voz que teima em enrouquecer
E o corpo dorido pela noite no divã

Não fui eu
Não fui eu
Não deixei a porta aberta
Não fui eu
Não fui eu
Ficou-me a casa deserta

Como esta febre me destrói
Perdido amor quanto me dói
Desceste em mim cruel manto de tristeza

Em cada noite morre o amor
Que a solidão faz-se maior
Mal amanhece e volta o medo que anoiteça

Não fui eu
Não fui eu
Não deixei a porta aberta
Não fui eu
Não fui eu
Ficou-me a casa deserta
Não fui eu...


No fui yo
(Trad. Montserrat Arre Marfull)

El Cristo inerte preso a la cruz
A la luz de la vela que lo reduce
A sombra triste en la pared entrecortada

De los labios se suelta, indulgente
La oración inútil del no creyente
Entre palabras que por sí no dicen nada

No fui yo
No fui yo
No dejé la puerta abierta
No fui yo
No fui yo
Me quedó la casa desierta

Hay como fugitivo rumor
De pasos que en el corredor
Inducen en mi alma un dolor de la esperanza vana

Señales del tiempo humedeciendo
La voz que insiste en enronquecer
Y el cuerpo dolorido por la noche en el sofá

No fui yo
No fui yo
No dejé la puerta abierta
No fui yo
No fui yo
Me quedó la casa desierta

Como esta fiebre me destruye
Perdido amor cuanto me duele
Descendiste en mí cruel manto de tristeza

En cada noche muero, amor
Que la soledad se hace más grande
Apenas amanece y vuelve el miedo que anochezca.

No fui yo
No fui yo
No dejé la puerta abierta
No fui yo
No fui yo
Me quedó la casa desierta

No fui yo…

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